Em termos de cultivo não se pode ditar regras que sirvam para todas as bromélias visto que as mesmas ocorrem na natureza das mais diversas formas, ou seja, epífitas quando nascem sobre árvores, rupícolas quando ocorrem sobre rochas, terrestres quando nascem diretamente sobre o solo. E mesmo neste último caso, o solo pode ser desde a pobre areia de uma praia até o rico solo composto por grande quantidade de matéria orgânica encontrado no interior de uma floresta ou mata. Além disso, uma mesma espécie de bromélia pode ocorrer na natureza em vários sistemas e tipos de hábitat diferentes.
Para se ter sucesso no cultivo é portanto ideal que se tente conhecer o máximo possível a respeito de cada planta que se queira manter e para isso existem inumeros livros e sites sobre as mesmas, no entanto deverá ter-se em conta o País de origem desses textos.
Para nossa sorte entretanto, a maioria das bromélias é bastante resistente e consegue sobreviver durante certo tempo a tratos inadequados, dando-nos tempo de perceber que as coisas não estão indo muito bem e com isso tentar solucionar o problema. Observar frequente e atentamente as plantas é portanto a melhor maneira de percebermos se o tratamento e cuidados que lhes estamos dispensar é adequado ou não.
Apesar das inumeras variedades e subespecies existentes, podemos entretanto tentar dividir as bromélias em três grupos com exigências particulares de cultivo: Bromélias dotadas de “tanque”, onde acumulam água e nutrientes, Bromélias terrestres desprovidas de “tanques” e Bromélias aéreas.
A maior parte das espécies que conhecemos enquadra-se na categoria das bromélias “tanque-dependentes” ou semidependentes. Fazem parte deste grupo a maioria das Vriesia, Neoregelia, Aechmea, Billbergia, Guzmania, Canistrum, etc.
* Guzmania * Billbergia * Vrerisia *
Neoregelia
Aechmea
CanistrumSão plantas que possuem as folhas dispostas de maneira a formar no centro da mesma uma cavidade que acumula água e detritos orgânicos.
Dotadas de um sistema radicular fraco mas que lhes possibilita retirar do solo ou substrato onde esteja plantada o que necessitam para seu desenvolvimento, no entanto, ocorrendo falta de nutrientes nas raízes, estas plantas procuram o seu sustento na água acumulada em seu interior e nas pulverisações foliares que têm que ser constantes.
Tenho obtido sucesso no cultivo destas plantas com um substrato composto por partes iguais de terra normal, areia lavada, húmus de minhoca e pó de xaxim que tambem pode ser substituído por casca de pinheiro triturada ou outros resíduos orgânicos fibrosos para bom resultado. Dependendo da qualidade da terra e do húmus utilizados, a percentagem dos componentes pode ser alterada para que a mistura mantenha sempre um aspecto leve, solto e não empedrando quando comprimida com as mãos. No fundo dos vasos coloca-se uma camada de pedras para facilitar o escoamento da água. É indispensável que o “tanque” destas plantas seja mantido sempre com água natural, a ser de torneira, tem que se retirar o cloro da mesma.
Além do material orgânico incorporado ao solo, estas plantas aceitam muito bem adubação química foliar em dosagem mais fraca que a indicada pelos fabricantes, ou adubação por meio de adubos granulados que libertam os nutrientes por osmose colocados na superfície dos vasos mas evitando-se seu contato directo com as raízes e com a base da planta.
Entretanto, nunca é demais lembrar que não se deve utilizar em bromélias fungicidas ou inseticidas que contenham cobre ou outros metais na sua fórmula, pois os mesmos podem causar danos aos tecidos vegetais destas plantas.
No grupo das bromélias desprovidas de tanque, podemos enquadrar os Cryptanthus, Orthophytum, Dyckia, Pitcairnea, etc.
São as plantas que não acumulam água no centro de suas folhas ou quando o fazem, é em pequena quantidade não servindo portanto para suprir as necessidades da planta.
Orthophytum
Pitcarnilia
Dickia
Cryptanthus
Se nas bromélias dotadas de tanque um substrato rico em nutrientes é sempre bom, nas desprovidas ele é indispensável pois se os nutrientes não estiverem disponíveis no solo a planta não terá onde ir buscá-los. Para estas bromélias pode-se utilizar também com sucesso o substrato indicado acima.
Como as Dyckia e boa parte dos Orthophytum são originários de regiões secas, convem aumentar para estas plantas a proporção de areia limpa, o que assegura uma boa drenagem do solo e não esquecer de dar também especial atenção à camada de pedras colocada no fundo do vaso para evitar o acúmulo de água e provável apodrecimento das raízes com a consequente morte destas plantas.
Tillandsia
O terceiro grupo, das chamadas “bromélias aéreas”, é composto basicamente pela maioria das espécies de Tillandsia.
São plantas que ocorrem na natureza sobre cactáceas, em finos galhos de árvores, em paredes de rocha nua e onde não se acumula nenhum tipo de detritos, podem inclusive ser encontradas a nascer e crescer espontaneamente em arames de vedações e em fios elétricos, de onde logicamente nada podem extrair para seu sustento.
Despertam-me particular curiosidade pelo facto de algumas especies crescerem no nada e as ter descoberto pela primeira vez em Lisboa penduradas por um fio numa comum varanda.
As folhas destas bromélias são dotadas de minúsculas “escamas” que geralmente lhes confere um aspecto prateado quando secas e esverdeado quando molhadas e que têm a capacidade de absorver água e nutrientes do ar. Pode em principio parecer estranho, mas de que outra maneira poderia uma planta sobreviver presa a um fio elétrico?
Para o cultivo destas plantas não se utiliza nenhum tipo de substrato. Apenas fixamos a planta a um apoio tipo uma gaiola de madeira, um tronco seco, um pedaço de casca de árvore, uma rolha, uma pedra ou outro suporte qualquer que nos agrade.
Para manter a planta fixa no local escolhido até que a mesma 'enraíze', usa-se normalmente um pedaço de fitilho plástico.Existe uma cola de silicone própria para colar a planta no suporte desejado e já me disseram que o silicone utilizado para colar vidros de aquário pode também ser utilizado para este fim mas nunca o testei.
Embora estas plantas tenham tão poucas exigências de cultivo, não podemos no entanto esquecer que elas devem ser molhadas com frequência. A pulverização periódica com um adubo foliar bem diluído, embora não seja indispensável ajuda bastante no crescimento e desenvolvimento da planta.
Tillandsia dos telhados
É uma planta litófita, ou seja, cresce nas rochas e é originária dos altos Andes, Peru e Ecuador.
A cor cinza prateada ajuda-a a reflectir a luz solar e a proteger-se contra as radiações ultra-violeta e o aspecto 'peludo' serve para captar a humidade proveniente dos nevoeiros e neblinas.
Rarissimas algumas especies da Tillandsia, apenas as encontramos esporadicamente á venda nos melhores viveiros de Lisboa e mesmo sabendo ser ilegal, não resisti a trazer algumas especies de Tillandsia da minha viagem ao Brasil onde crescem por todo o lado como likens e ao lado destes.
Aliás, varios tipos de plantas crescem nos troncos de arvores, ficando eu bastante impressionado com algumas ruas residenciais do Rio de Janeiro onde as pessoas, segundo me contaram, colocam presas por fios invisiveis nas arvores até que se fixem naturalmente, as orquideas que lhes são presenteadas, adornando esteticamente os troncos das mesmas duma forma magnifica, chamando á cidade insectos e passaros como os beija flor somente encontrados no campo para deleite de todos.
As fotos abaixo comprovam o que descobri.
Observação de como a planta da bromelia indica que os nossos cuidados não estão satisfatórios:
- Se as folhas novas de uma bromélia começam a nascer muito longas e estreitas em relação as folhas anteriores (estiolar), a planta deve ter sido colocada num local muito sombrio.
- Do mesmo modo, a perda de coloração ou aumento da intensidade do verde das folhas também indica falta de luminosidade.
- Se as folhas externas começam repentinamente a apodrecer, a planta pode estar a receber excesso de água.
- Manchas “secas” no meio das folhas costumam indicar queimaduras pela incidência direta de sol.
- A aplicação de fertilizante ou insecticida muito concentrado ou inadequado em horários de muito calor ou ainda sob a incidência direta do sol, também costuma causar sérios danos às folhas das bromélias.
Nunca é demais lembrar que grande parte das bromélias é admirada por suas belas folhas. Descuidos no transporte ou mau manuseio da planta podem danificar uma folha e embora isto não chegue a prejudicar seriamente a planta, esteticamente pode ser um grande desastre.
9 comentários:
Parabéns pelo blog...muito interesante...ainda mais para quem ama as plantas como eu e gostam de aprender sempre um pouco mais sobre as especies.
Amei todas as informações, parabéns! foi muito útil pra mim, eu adoro as Bromélias, elas são Maravilhosas.
Adorei as informações, aprendi muito.
Obrigado
Muito boas as informações, eu tenho em casa uma bromélia aechmea, como devo cuidar dela, qual tipo de fertilizante você indica pra eu utilizar?
Eu a comprei a apenas 3 dias e não tenho nenhuma experiência em cuidar dela.
obrigado
Sou suspeta p/ falar pois sou Biológa,seu blog é perfeito, esta de parabéns!!! Esta bem explicado e com muitas fotos.
Além de informativo, é "inspirativo", com todas aquelas borboletas a voarem por sobre as ilustrações belíssimas! A D O R E I ! oBRIGADA E PARABÉNS!...
Este blog está um espanto!!!
:)
chique no urtimo...adoro bromélias..pena que não tenho o tempo que elas merecem para cultivá-las. Se tivesse, meu apartamento seria florido.
COMO EU RETIRO OS FILHOTES DA GUZMANIA E COMO EU PLANTO OS MESMOS? QUAIS OS CUIDADOS.
GRATO
DAVID
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